Mensagens

A mostrar mensagens de julho, 2011

Relato de César Coutinho

Só tive uma vez essa paralisia do sono, numa altura de grande stress. Pensei que foi coisa do diabo e não um distúrbio do sono. Aconteceu-me quando acordei de uma sesta e estava uma mulher pequena e muito feia sentada ao meu lado na cama. Surpreendido, pensei que era uma amiga de minha mãe e quando me ia levantar para perguntar quem era e porque estava no meu quarto... reparei que não me conseguia mexer! Tentei gritar por a minha mãe mas nenhum som saiu da minha boca. E assim fiquei paralisado por cerca de um minuto, com a mulher a olhar para mim muito séria, mas sem dizer nada. Senti muito medo e pensei que estava morto! Finalmente, no desespero para me mexer, consegui levantar-me e a mulher já não estava no quarto. Nunca mais esqueci o que me aconteceu, mas agora sei que a ciência explica essas coisas estranhas.

Alucinação

É conveniente não confundir alucinação com ilusão, dado que nesta o objeto sensorial está presente e é perceptível pelos outros, se bem que o doente o interprete de forma diferente. Existem diversos tipos de alucinação, incluindo-se entre elas as visuais, auditivas, táteis, etc. As auditivas mais correntes tomam a forma de vozes de caráter agradável ou desagradável. As alucinações apresentam-se, geralmente, em alterações do tipo paranóide, esquizofrenia e nos estados de fome intensa; são também referenciadas com frequência em certas intoxicações por drogas, tal como acontece com a morfina, cocaína e o álcool. Apresentam-se, em geral, pela desvinculação de um grupo de ideias da personalidade normal; estas ideias, no seu curso e desenvolvimento, tornam-se independentes do controlo da personalidade. Quando o indivíduo se confronta com dois sistemas de ideias incompatíveis e contraditórias, surge o problema, evitando o indivíduo ou conflito através da dissociação de um do outro. Muitas

Paralisia do Sono na Europa do século XIX

Na Europa do século XIX, os caprichos da dieta eram apontados como os responsáveis pela paralisia do sono. Por exemplo, Charles Dickens, em "A Christmas Carol", atribui o fantasma que uma personagem do romance vê a "... um pouco indigesto de carne bovina, uma mancha de mostarda, uma migalha de queijo, um fragmento de uma batata mal-passada". Apesar de parecer cómico, este ponto de vista é válido: se o cérebro estiver ocupado com a digestão... o sono não corre muito bem. É por isso que não se deve comer antes de ir para a cama. Na mesma linha, a "Household Cyclopedia" (1881) oferece os seguintes conselhos para se evitar a paralisia do sono - apelidada no texto de «pesadelo» ou «doença»: "Grande atenção deve ser dada à rotina e escolha de dieta. Intemperança de toda a espécie é prejudicial, mas nada é mais produtivo desta doença do que beber vinho ruim. As comidas mais prejudiciais são todas as carnes gordas e os doces. O exercício moderado contribui

Catalepsia Projetiva

Em alguns círculos, a paralisia do sono é denominada de catalepsia projetiva. De acordo com este ponto de vista, o que ocorre durante a paralisia é um desprendimento espiritual, ou seja, a pessoa acorda no meio de um processo vibratório decorrente da mudança do padrão de vibrações do corpo espiritual em relação ao corpo físico - uma espécie de transição do corpo físico para o corpo espiritual. Esta hipótese é defendida por muitas pessoas, que desconfiam da análise médico-científica deste estado; segundo elas, não é um distúrbio do sono mas sim um desprendimento espiritual. Não concordo com esta "teoria". Temos aqui a habitual crença (parte de...) em oposição ao pensamento científico (chega a...). Digamos que, entre um mundo espiritual objetivo ou um erro neuro-fisiológico natural... prefiro a segunda hipótese. Descarto a hipótese espiritual, igualmente, por causa do seguinte pensamento filosófico (nietzschiano): não existe aquilo que alguns chamam «alma» ou «espírito»; nó

O mistério do sono

Parece incrível, mas ainda não se sabe qual a razão porque os organismos dormem - pode parecer que dormem porque estão cansados, mas o ficar cansado não é a causa mas sim o efeito. Permanecem também dúvidas em relação aos sonhos. Enfim, todo o processo do sono é um mistério. Este tema tem sido alvo de intensas investigações por parte de muitos cientistas, mas, infelizmente, até agora sem grandes resultados. Clique aqui para ler um texto onde apresento as dúvidas que a Ciência tem em relação ao processo do sono. O texto também apresenta algumas teorias que tentam explicar a razão porque dormimos e em alguns comentários faz-se uma análise neurológica dos sonhos lúcidos.

Uma porta para os sonhos lúcidos

Imagem
A paralisia do sono é uma porta para os sonhos lúcidos; para a utilizar, exige-se serenidade. Se não seguir o impulso para se mover durante um episódio de paralisia do sono, deixando a imobilidade estar instalada no seu corpo, pode regressar aos sonhos e aí sonhar lúcido. A chave está em manter a serenidade, o que não é nada fácil, mas é possível. Muitas pessoas conseguem fazer isso, e se elas conseguem... você também consegue. Sonhar lúcido é algo fantástico, é um "alegre saber" das potencialidades do nosso cérebro. O terror que se experimenta durante a paralisia do sono é causado pelas amígdalas cerebelosas, que são os grupos de neurónios responsáveis pela emoção primária do medo. Para se ter uma ideia, experimentar a paralisia do sono é igual a dobrarmos uma esquina e encontrarmos um leão mesmo à nossa frente; ou seja, é puro terror. Nos dois casos existe a sensação de morte iminente: no caso do leão é um risco real, mas no caso da paralisia do sono esse risco não exist

Relato de Bruno Souza

Tenho paralisia do sono há mais ou menos 10 anos. A paralisia ocorre umas 2 ou até 3 vezes por mês, e mesmo ao longo desses 10 anos, ainda é aterrorizante. Em muitas delas, a paralisia sempre começa quando eu sinto alguma coisa chegando perto de mim. Teve uma vez que eu, em plena lúcidez, senti uma mão tocar meu ombro e imediatamente eu paralisei. Eu entrei em estado de choque pois era uma das primeiras vezes que isso acontecia. Com o receio de comunicar pais, namorada e amigos, temendo eles acharem um deboche, eu nunca pronunciei nada a respeito, e nem sequer durante todo esse tempo que eu tenho paralisia do sono tinha ouvido ou visto alguêm falando a respeito disso, e confesso: eu achava estar possuído. Mas possuído pelo quê? Pois em muitas delas só via uma sombra negra de um homem me olhando em frente à cama... mas em outras, um senhor segurando uma cruz. O episódio da cruz eu me lembro muito bem, o homem me olhava como quem zela por alguêm... e sinceramente, eu rezava aquilo ser

Tipos de paralisia do sono

Existem três tipos de paralisia do sono: familiar, patológico ou isolado. O tipo familiar é o mais raro. Deve-se à herança genética, ou seja, o problema está nos genes associados ao sono que são partilhados por vários membros de uma dada família. Pode surgir em qualquer altura da vida, sendo que depois permanece para sempre. A causa é uma mutação nesses genes que ocorre quando o material genético está a ser copiado, durante a divisão celular, um erro que surge naturalmente (como acontece com alguns casos de cancro), provocado pelos raios cósmicos (fotões de alta energia), pelo contato indevido com substâncias químicas ou ainda pelo fumo do tabaco. O tipo patológico está associado a outros distúrbios de sono, como a narcolepsia ou o bruxismo. Nestes casos, a paralisia do sono é apenas um efeito secundário de uma dada patologia. É comum nos casos patológicos a paralisia do sono surgir ao adormecer, enquanto que nos casos familiares e isolados só surge ao acordar. Por isso, se um paci

Descrição de Silas Weir Mitchell

O doutor Silas Weir Mitchell (1829-1914) foi o primeiro a apresentar uma definição médico-científica da paralisia do sono. As suas conclusões foram publicadas em 1876. Ele descreveu esta condição da seguinte forma: "O sujeito fica consciente em seu ambiente, porém não é capaz de mover um músculo sequer, com todas as aparências demonstrando que ainda está dormindo, numa luta para movimentar-se, repleto de angústia mental. Caso ele pudesse movimentar-se, o encanto desapareceria imediatamente".

Paralisia do sono em Moby Dick

Imagem
A primeira publicação médico-científica a apresentar uma definição da paralisia do sono surgiu em 1876, pelo doutor Silas Weir Mitchell, mas 25 anos antes, em 1851, Herman Melville publicou o romance "Moby Dick"... onde se encontra uma referência a este distúrbio. Os sintomas são descritos com uma espetacular exatidão. Será que Melville sofria de paralisia do sono?... O episódio é narrado por Ismael, a personagem principal do romance: "... e lentamente ao acordar, mergulhado em sonhos pela metade, abri meus olhos e a luminosidade da ante-sala agora estava envolta por trevas exteriores. Instantaneamente senti um choque que transpassou toda minha estrutura. Nada havia para ser visto ou ouvido, porém uma mão sobrenatural parecia estar sobre a minha. Meu braço caído sobre a colcha, e a inominável, inimaginável e silenciosa forma ou fantasma a qual pertencia a mão, parecia sentada perto ao meu lado. Pareciam eras e eras que eu estava ali, congelado com os mais temíveis m

Relato de Alexandra Pereira

Acordei a meio da noite e não me conseguia mexer. Ouvia o som da minha voz, que me pareciam gemidos. Senti alguêm perto da minha cama e aí fiquei aterrorizada pois vivo sozinha. Tentei virar a cara para ver quem era, mas não consegui. Sentia essa presença mesmo junto à cama, muito perto de mim, e parecia-me o diabo. Ao mesmo tempo comecei a ouvir risos e aí tentei por todos os jeitos mover o meu corpo... até que finalmente consegui. Acendi a luz do quarto e ninguêm estava lá. Fiquei com muito medo e não dormi mais essa noite. Não sei quanto tempo passei presa na cama, mas pareceu-me uma eternidade. Nunca mais esqueci os risos daquela coisa que senti junto a mim. Hoje sei que era alucinação, mas na altura senti um medo enorme e mesmo depois passou muitos dias eu que eu tinha até receio de dormir. Felizmente que nunca mais voltei a ter isso. Se voltasse a passar por isso, mesmo agora sabendo o que é, penso que não conseguiria manter a calma. Foi muito horrível.

Será um demónio?

Será um demónio? É esta a pergunta que muitas pessoas que sofrem de paralisia do sono fazem. Os vultos e presenças parecem tão reais, que ficamos sem saber em que acreditar. Bem, a minha posição é científica, pois tudo isso de demónios parece-me uma criação humana, demasiado humana. Considere o seguinte: se você tomar o medicamento Rivotril, deixa de ter paralisia do sono. Então, os demónios têm medo do Rivotril? Porquê? A resposta é óbvia: não existem demónios. Nunca tenha medo durante um episódio de paralisia do sono, lembre-se que é tudo apenas um sonho. Em lugar de ter medo, porque não tentar falar com um desses vultos? Porque não abrir os olhos e aceitar tudo o que está a ocorrer? Se fizer isso, vai ficar surpreendido. O mais provável é entrar diretamente num sonho lúcido. Quem enfrenta os seus medos, sempre os supera. Acredite em mim, tenho essa experiência com a paralisia do sono. Demónios? Não, a paralisia do sono é apenas um distúrbio do sono. Então, porque ocorre a parali

Movimentos que são um sonho

Durante a paralisia do sono uma parte do nosso cérebro está a sonhar, e por isso muitas coisas estranhas podem ocorrer. Existem muitos relatos em que as vítimas acordaram com os sintomas habituais deste distúrbio, mas ao mesmo tempo mexeram um braço ou mudaram de posição na cama, embora tivessem ficado com a impressão que esses movimentos pareciam um sonho. E na realidade foram apenas um sonho. Uma vez, durante um episódio, eu acordei com a habitual paralisia, mas levantei-me e fui lavar a cara à casa-de-banho. No momento em que estou a lavar a cara, acordei na cama. Resumindo, eu apenas sonhei que me tinha levantado para ir lavar a cara, pois na realidade estava durante todo esse tempo paralisado na cama. Apesar de já ter tido dezenas de episódios de paralisia do sono, acontece-me muito durante os mesmos não conseguir distinguir a realidade do sonho. Quem tiver a paralisia do sono quase todos os dias, pode fazer a seguinte experiência: colocar uma câmara de filmar apontada diretam

Terror Noturno

O terror noturno é um distúrbio do sono distinto dos pesadelos ou da paralisia do sono. Enquanto que os pesadelos e a paralisia do sono ocorrem durante o sono REM, o terror noturno ocorre durante o NREM (sono profundo). Outra diferença fundamental é que os episódios de terror noturno não são recordados pela vítima no dia seguinte, enquanto que os pesadelos e os episódios de paralisia do sono são recordados em todos os seus detalhes. O terror noturno é muito parecido com o sonambulismo, pois ambos são manifestações corporais automáticas que ocorrem durante o sono profundo. O terror noturno ocorre principalmente com as crianças, e, apesar de parecer grave, não provoca danos físicos ou emocionais. É normal os pais tentarem acordar os seus filhos durante estes episódios, mas isso é muito difícil e não é necessário. Os episódios de terror noturno duram de 15 a 20 minutos, e a criança, por mais incrível que possa parecer, está a dormir profundamente - o que está aos berros, e completamente